Estou aqui pensando em nada, e de repente me lembrei de um caso muito doido que aconteceu comigo no Canadá, na época que morei em Oakville, que até hoje não sei explicar se foi engraçado ou fatídico! Vem comigo…

O vizinho morre e eu que ganho flores!

Flores de funeral

Tudo começou em Oakville, cidade suburbana que morava na grande Toronto. Estávamos de casa nova e coincidentemente, nossos dois vizinhos também eram recém chegados na rua; de um lado morava uma família de Porto Riquenhos e do outro um casal de velhinhos italianos.

Obviamente, por causa da idade, tínhamos mais contato com os Porto Riquenhos e o restante da rua, que era metade canadense e a outra metade de alguma outra parte do mundo (Poloneses, Australianos, Colombianos etc…). Eu adorava aquela casa e minha rua!!! (Suspiros de saudades…)

No verão, sempre conversávamos com o vizinho italiano, ele era um amor, as vezes até cortava parte da nossa grama. Mas depois que passou o inverno, o vi muito magro e perguntei para a filha dele o que tinha acontecido, infelizmente o cancer tinha batido a sua porta! Claro que foi aquela tristeza e simplesmente não o via com a mesma frequência do ano anterior.

Um belo dia, vi pessoas entrando na casa todas vestidas de preto e com aquele clima que sabemos como é.

Corri para a casa da vizinha da frente para ver se ela sabia de alguma coisa, e foi então que me contou que há alguns dias, um carro funeral tinha parado em frente a casa! Nessa hora, já era óbvio o que tinha acontecido…

(PS: Vale lembrar que no Canadá é normal o enterro e velório acontecerem depois de alguns dias da morte, diferentemente do Brasil onde tudo acontece no mesmo dia ou no máximo no dia seguinte).

Coincidentemente quando estava voltando pra casa, um outro carro parou na frente da casa e como vi que era a filha dele, fui lá falar com ela e oferecer meus préstimos para o que fosse necessário.

E aí vieram as flores…

Foi então que ela disse, “espere um pouco, quero te dar uma coisa!”. Ela abriu o porta mala do carro e da coroa de flores, tirou um buquê pra mim! Peguei, agradeci e fui pra casa com as flores na mão. Se já tinha achado estranho ver uma coroa de flores no porta mala de alguém, imagina então, ganhar as flores. Mas tava valendo, flor é flor!

Logo sai toda sorridente atrás de um vaso e coloquei as flores para enfeitar a mesa, nisso chegou a mãe do Kiko, que estava nos visitando, e perguntou: “Ué, você foi no mercado comprar flores e nem me chamou?”, eu respondi: “Não, ganhei da coroa de flores do vizinho que morreu!”.

A Ligia me olhou com aquela cara, e disse: “Você é louca! Enfeitar a casa com flores de defunto?! Isso dá azar…“. Não deu outra, ela correu no vaso, tirou as flores e jogou no lixo do reciclável orgânico!

E eu fiquei com aquela cara de … “ih… fiquei sem flores!“…

E você, ficaria com as flores os as jogariam fora?

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